SOBRE
PIPOCO compartilha mapas interativos com informações e conhecimentos sobre conflitos que aconteceram a partir de 2013 em territórios de Salvador afetados - de fato ou potencialmente - por grandes intervenções urbanas de parcerias público privada (PPP): o Metrô Salvador - Lauro de Freitas; o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), depois alterado para Monotrilho, proposto para a modernização do antigo Trem do Subúrbio Ferroviário; e a Operação Urbana Consorciada (OUC) do Centro Antigo. Os dois primeiros são intervenções coordenadas pelo Governo do Estado e a última pela Prefeitura, todas em associação com empresas concessionárias ou imobiliárias.
O Pipoco também conta com um mapa geral da cidade de Salvador, onde podem ser inseridos conflitos de qualquer canto da cidade, compartilhado por moradora(e)s, coletivos e movimentos sociais.
Os conflitos urbanos são aqui entendidos como divergências ligadas a diferentes dimensões da vida comum, envolvendo diferentes pessoas, grupos, associações, coletivos e movimentos urbanos, agentes públicos e privados, que mobilizam distintas lógicas, modos de vida e fazeres da cidade. Os conflitos dizem respeito a confrontações diretas, mas também a cooperações e solidariedades que reagem às injustiças sociais.
Os conflitos envolvem uma diversidade de sujeitos e agentes em disputas, negociações e/ou colaborações que definem os sentidos das transformações urbanas e territoriais. O conflito pode então ser percebido, lido ou vivido como uma encruzilhada, pela qual pode-se tensionar relações de dominação e o fechamento da esfera estatal - frequentemente capturada por interesses e lógicas hegemônicas.

A atenção aos conflitos torna visível e amplia o reconhecimento de questões significativas da(o)s moradora(e)s, dos seus territórios e da cidade - geralmente reprimidas pelas agendas urbanas dominantes, reabrindo e repolitizando a discussão e a formulação de problemas públicos. Ou seja, a consideração dos conflitos pode ser uma oportunidade de ampliar o debate sobre desejos, demandas e questões relevantes da cidade, abrindo-se possibilidades para ações cuidadosas de defesa da vida e garantia dos direitos sociais que possam estar sendo violados. Além de questões diretamente relacionadas às intervenções em foco, os territórios apresentam conflitos outros, históricos ou atuais, que nos falam sobre as injustiças das cidades brasileiras e seus enfrentamentos.
Miro Filho, TV Bahia. 2018.


Reiteradamente, a manutenção, expansão e infraestruturação da rede urbana brasileira acontece de modo seletivo e com pouco acesso pela população afro-indígena, impedida total ou parcialmente de acessar oportunidades trazidas por esses processos de reestruturação das cidades
A urbanização brasileira é marcada por precarizações, racismo, sexismo e capacitismo - dentre as várias injustiças e opressões que têm lugar nas cidades -, mas também por iniciativas cidadãs que confrontam essas situações. Nesse sentido, reconhecer as questões apontadas através dos conflitos, pode ajudar a mudar esse estado de coisas, abrindo-se possibilidades para uma ampliação da esfera de direitos, de construção do comum e da democracia
Betto Júnior, Jornal Correio. 2018

O direito à cidade, cunhado por Henri Lefebvre, é um tema prioritário da plataforma Pipoco, na medida em que sua noção original diz respeito ao direito da(o)s moradora(e)s de criação da cidade, além do seu acesso e uso. Entendemos que a esse sentido deve ser cada vez mais ampliado, articulando práticas anti-racistas e anti-sexistas, práticas de cuidado com a natureza, a instituição de espaços públicos baseados no encontro e na desierarquização das relações sociais, a defesa da função social da propriedade, da justiça espacial, dos direitos à moradia digna, ao saneamento e ao transporte público.
Passa Palavra. 2018.

_Espacialização dos conflitos urbanos por meio de cartografias e a elaboração de 4 mapas interativos das regiões do Centro Antigo de Salvador, Subúrbio Ferroviário de Salvador, áreas de influência da BR 324 e da Av, Paralela com o uso de multilinguagens.
_Um mapa geral dos conflitos urbanos foi criado a partir de informações coletadas e sistematizadas em planilha eletrônica Google, por meio das quais foram obtidas coordenadas para o georreferenciamento dos endereços indicativos dos lugares dos conflitos. O uso da planilha Google permitiu utilizar algumas extensões como a Geocode by Awesome Table, que possibilitou a conversão de endereços indicativos das localizações dos conflitos para coordenadas. Os dados foram verificados e corrigidos quando necessários. Importante destacar que em alguns casos as informações das fontes de pesquisa não são precisas em relação aos endereços, nesses casos usamos localizações gerais, como o bairro ou a rua em questão.
_Articulando as informações da planilha com o uso do QGIS foi criada uma camada no formato shapefile e as mesmas foram reunidas em um único arquivo por meio da função merge layers da extensão “mmqgis”. O mapa geral criado também incorporou as shapefiles das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) do atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, permitindo análises de situações nas quais os conflitos ocorrem nessas zonas. Optamos por utilizar o ArcGIS online, disponível gratuitamente, com os dados sendo exibidos tal qual a shapefile visualizada no QGIS. Essa ferramenta permitiu a incorporação na página mapa geral da plataforma do Pipoco, além de possibilidades e recursos como, a visualização e interação com as informações e a filtragem dos dados.

3 Criação da plataforma PIPOCO
_ Criação de uma plataforma [web/mobile] multimídia e interativa sobre conflitos urbanos, a partir das informações e conhecimentos sistematizados e elaborados pela pesquisa;
_ Articulação multilinguagens [texto, imagem, audiovisual, gif, ilustrações, infográficos, mapas] e customização da plataforma, visando ampliar o acesso e uma melhor comunicação com o público usuário, através da confecção de um site atrativo com interface fácil e acessível para moderadores e usuários;
_ Conflitos contados a partir de narrativas lúdicas;
_ Plataforma colaborativa dentro das possibilidades do WIX;
_ Articulação do Pipoco com os territórios, através de colaborações com membros de associações, coletivos e movimentos urbanos parceiros da plataforma.
EQUIPE PIPOCO
A Plataforma Pipoco é resultado do Projeto "Observatório de Conflitos Urbanos em Territórios Populares", coordenado pelo Grupo de Pesquisa Lugar Comum e que foi contemplado na Chamada Pública simplificada pelo Ministério Público do Estado da Bahia para seleção de pequenos projetos no ano 2019, através do Programa de Compensação Ambiental Urbana “Cidade Popular” da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo. Para a concepção e criação da Plataforma Pipoco, contamos com a colaboração do Coletivo Trama.
Equipe
Profa. Ana Fernandes (Coordenação Geral)
Grupo de pesquisa Lugar Comum / PPGAU/FAUFBA
Profa. Glória Cecília dos Santos Figueiredo (Coordenação Geral)
Grupo de pesquisa Lugar Comum / PPGAU/FAUFBA
Atailon da Silva Matos Silva
Engenheiro Civil e Mestrando do PPGAU/FAUFBA
Camila Brandão
Urbanista / Mestra e Doutoranda do PPGAU/FAUFBA
Felipe Andrade
Bacharel em Ciência e Tecnologia / UFBA
Pedro Vitor Monte Rabelo
Arquiteto e Urbanista / Mestrando do PPGAU UFBa
Taiane Moreira
Urbanista / Responsável pela elaboração do Mapa Geral em SIG
Projeto gráfico,
Desenvolvimento da plataforma e mapas interativos
Flora Tavares
Arquiteta e Urbanista (FAUFBA) / Coletivo Trama
Luisa Caria
Graduanda no BI de Artes / IHAC UFBA / Coletivo Trama
Matheus Tanajura
Arquiteto e Urbanista (FAUFBA) / Mestre pelo PPGAU/FAUFBA / Coletivo Trama
Assessoria de Comunicação e Jornalismo
Clara Miranda
Jornalista
Carlos Baumgarten
Jornalista
Colaboradoras(es) eventuais
Profa. Ângela Franco
Grupo de pesquisa Lugar Comum / FAUFBA / IHAC UFBA
Ana Clara Oliveira de Araújo
Arquiteta e Urbanista / Estudante de mestrado da FAUUSP
Ana Cláudia Fernandes
Estudante de Direito / FDUFBA
Aline Penha Nascimento
Estudante de Geografia / IGEO UFBA
Daniel Caribé
Pesquisador de mobilidade urbana / OB.MOB
Julia Maria Borges Molina
Bióloga
Mariana Assef Lavez
Arquiteta e Urbanista / Mestranda do PPGAU UFBA
Mariana Marques dos Santos
Estudante de Arquitetura / FAUFBA
Movimento do Recanto do Picuaia
Articuladoras(es) territoriais
Ana Cristina da Silva Caminha
Presidenta da Associação Amigos de Gegê dos Moradores da Gamboa de Baixo / Articulação do Centro Antigo de Salvador
Cícero Jorge de Araújo Mello
Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico de Salvador
Gilson Vieira
Movimento Trem De Ferro - Ver De Trem
Jecilda Mello
Presidenta da Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico de Salvador
José Eduardo Ferreira Santos
Acervo da Laje
Juan
Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos
Linda Kaiongo
Coletivo da Vila Coração de Maria / Articulação do Centro Antigo de Salvador
Maura Cristina da Silva
Coordenação do Movimento Sem Teto da Bahia / Articulação do Centro Antigo de Salvador
Sandra Regina Silva dos Santos
Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico de Salvador
Vilma Santos
Acervo da Laje
Viviane Hermida
Movimento Nosso Bairro é 2 de Julho (MNB2J)

METODOLOGIA

1 - Pesquisa sobre Conflitos Urbanos em Salvador
_ Pesquisa online para identificação de conflitos urbanos, através de consulta a jornais e diversas fontes de informação disponíveis na internet, usando-se palavras-chaves que remetem a conflitos (conflito, mobilização, protesto, manifestação, reivindicação, caminhada, desapropriação, remoção, reintegração de posse, fechamento de via, confronto, depredação, queima de ônibus e queima de pneus, violência, racismo, etc) associadas aos nomes dos territórios abordados (Centro, Subúrbio Ferroviário, Paralela e BR 324).
_ Conflitos informados por usuária(o)s do Pipoco, parceira(o)s, moradora(e)s e membros de associações, coletivos e movimentos urbanos, através da campanha Insira um conflito.
_ Identificação, sistematização e elaboração de informações e conhecimentos a partir das amostras de conflitos dos territórios trabalhados na pesquisa: ano e data; descrição; classificação por tipo; escala; localização da situação conflitiva e de sua manifestação pública; imagens, vídeos e informações complementares; sujeitos e agentes envolvida(o)s; projeto, intervenção, ação, evento e / ou regulamentação relacionados; demandas de agentes envolvida(o)s;
_ O período coberto pela pesquisa é aquele a partir do ano de 2013.
